terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Natal

Google Images


Vejam bem o desatino
Destes ilustres mortais
Deixar nascer o Menino
Num casebre de animais

Que frio, como está frio
Na choupana do Menino
Que se aquece co’o bafio
Da vaquinha e do burrinho

Vamos numa correria
Levar-lhe com emoção
O calor e a alegria
Que nos vai no coração

Neste dia de harmonia
E de paz universal
Façamos de cada dia
Mais um dia de Natal


José Sepúlveda


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Tempo





Momento a momento,
Sem ter p’ra onde ir,
Perdi-me no tempo…
E o tempo a fugir!

Voou como o vento
Num tempo impreciso,
Nas vagas do tempo
Perdi meu sorriso

E um triste lamento
No céu ecoou,
Perdi-me no tempo
Meu tempo esgotou



José Sepúlveda



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Sessenta Rosas





Parabéns, Amy Dine



Sessenta rosas, doces primaveras
Vividas desde o tempo de menina
São rosas simples, sonhos e quimeras
Que vão passando. Vida peregrina!

Sessenta beijos numa eterna espera
De ser feliz. A vida nos ensina
Que o mundo gira, gira nesta esfera
De sonhos, de ventura em cada esquina

Sessenta abraços, gritos de meu peito,
Que busca em teu olhar puro, perfeito,
O amor e o carinho que há em ti

São rosas que me trazem a alegria
Por ter-te como minha companhia
Sentindo, amor, que a vida nos sorri!



José Sepúlveda


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Bruçó




Aquela aldeia oculta entre as montanhas
Que fica para além do Mogadouro
Preserva coisas lindas e façanhas
Que são p’ra nós autêntico tesouro.


Tentando penetrar suas entranhas
Buscando histórias, coroas de louro,
Nós encontramos coisas tão estranhas
Que na diferença são pepitas de ouro.


Bruçó, aldeia antiga, nobre gente,
Na sua intimidade diferente
E genuína em forma e em saber.


Com coisas simples conta sua história
De gente sà, perene em sua glória,
Tão cheia de alegria de viver!


José Sepúlveda

Poesia Bruçó



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Junto ao Mar






Olhava aquele espelho à minha frente;
E ali sentado, inerte, eu via a água
Batendo, rebatendo numa frágua
E as gotas se espargindo, suavemente…

E enquanto caminhava ali, silente,
Eu partilhava aquele gozo ou mágoa…
E toda essa magia, agora trago-a
Gravada no meu peito, ternamente…

Depois, sentei-me ouvindo a melopeia
Das ondas e as gaivotas pela areia
Naquela sinfonia de encantar…

E, ali fiquei por tempos infinitos
Perdido entre a magia desses gritos,
Ouvindo os sons aflitos do meu mar…



José Sepúlveda



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Gosto


Quando respiro os teus poemas
Sinto neles a da tua sensualidade,
A sensibilidade dos teus gestos,
A ternura dessas mãos de veludo
Que me afagam ternamente
Os sentimentos de alma
E do espaço
Que num abraço
Me dão tudo…

Gosto do carinho dos teus versos,
Da poesia que emana do teu coração,
Da candura sedutora desse olhar,
Penetrante,
Profundo,
Quando se infiltra assaz
Nestes meus olhos
Fugindo do mundo...

Gosto do plácido perfume do teu corpo,
Da macieza angélica dos teus cabelos,
Imagem rara de beleza e alegria,
Quando os afago com ternura,
E o meu corpo se extasia
De loucura…

Gosto do rubro dos teus lábios doces,
Quando os afago suavemente,
Mesmo se tento ousar beijá-los
Num repente...

Gosto da ternura dos teus gestos,
Do aconchego do teu peito
E me deleito
A olhar-te
Em estertor…

Gosto desse rosto de menina,
Princesa do Lima,
Meu amor…

Gosto porque gosto,
Gosto porque te amo
Gosto, Amor!...


José Sepúlveda



terça-feira, 4 de outubro de 2011

Fénix



Perdi-me nos teus olhos…  E o destino
Teus olhos me levou p’ra o fim do mundo
E vagueei na terra, peregrino,
Como se fora um pobre vagabundo

E todos os meus sonhos de menino
Se dissiparam nesse vale profundo.
Fiquei á vaguear só e sem tino
Buscando a luz num túnel sem ter fundo

E, quando em desespero, sem esp’rança,
Quis pôr um fim a esta má lembrança,
Lançando ao esquecimento toda a dor,

Das cinzas ressurgia nova vida,
Contigo… Tu voltaste, linda amiga,
Trazendo nova força ao nosso amor!



José Sepúlveda



Os teus poemas






Ao ler os teus poemas, num instante
Eu sinto o coração a saltitar…
Descubro neles uma vida erante
Partindo à descoberta de outro mar

E nesse trilho agreste, cativante,
Tão cheio de volúpia, de prazer,
Não ouso descobrir a eterna amante
Mas antes o fascínio de escrever

E quando a tua mente me desperta
Com pena sensual, mais liberta,
O coração exusta de alegria

Por isso, aqui, à laia de homenagem,
Te peço: mantém sempre essa coragem
E deixa-te esvair em poesia!



José Sepúlveda



segunda-feira, 3 de outubro de 2011

São Rosas


Olhava para mim apaixonada
E passeava à volta, em meu jardim,
Tentava desvendar o o que encontrava
Nas coisas que guardava para mim

E enquanto em meus segredos mergulhava
Tentando descobrir coisas assim,
Num tom apreensivo, perguntava:
- Que levas no regaço, querubim?

E nesse turbilhão de pensamentos,
Tentando controlar os sentimentos
Que possam dar tormentos, trazer dor,

Tentando aliviar a sofridão,
Abri de par em par o coração,
Mostrando-lhe: - São rosas, meu amor!






José Sepúlveda

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Súplica



Aquele coração humilde e bom
Que minha mãe me deu, quando nasci,
Não tem qualquer valor, perdeu o dom
De perdoar, fui eu quem o perdi

Aquele tão singelo coração
Que aos mais humildes consolar eu vi
Já não consegue dar consolação
Àqueles a quem vida prometi

Senhor, vem dar-lhe força, dar-lhe paz,
Bem sabes, por si só não é capaz
De perdoar a quem o faz sofrer...

O orgulho e a vaidade vem limpar
Para que a quem me ofende eu possa dar
A paz e a alegria de viver!



José Sepúlveda



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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Princesa







Princesa, que do alto do Castelo
Me acenas com teu lenço de cetim,
Vem dar-me o teu sorriso doce e belo
E os teus lábios, tudo para mim

Se afago os teus cabelos, quanto anelo
Eu sinto no meu peito em frenesim
Mergulho nos teus olhos, num apelo
De intenso amor, por te querer assim

Ao ver o teu olhar a todo o instante,
Eu deixo de ser eu. Sou teu amante
Que busca o teu abraço, na certeza

Que deste meu palácio de ilusão
Resgatarei enfim teu coração
E tu serás meu grande amor, princesa


José Sepúlveda


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Ser poeta



•.•.•.•.•.+*♥○♥*+.•.•.•.•.•


Que a minha vida se estende
Para além da poesia,
Já toda a gente o entende
Ao falar-me dia-a-dia


E, se as vezes se pretende
Ir alem da fantasia,
Com isso nada se aprende
E nos provoca ironia


Não me chamem escritor,
Nem poeta, por favor,
Não façam de mim otário


Coisas dessas, não senhor,
Quando muito professor
Do ensino universitário!


José Sepúlveda

Poesia Ser Poeta

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pétalas Vermelhas





As rosas, lindas rosas, meu amor
São pétalas vermelhas que espalhei
Na tua cama, em tudo ao teu redor
Co’as rosas mais formosas que encontrei

Inala pois o seu intenso olor,
Descobre nelas tudo o que eu não sei
Dizer-te por palavras, o fervor
Com que te amo e sempre te amarei

E um dia, ao recordares este dia
Envolta nessas rosas, que a alegria
Eu possa ver brilhar no teu olhar

Que eu sei que as rubras pétalas dirão
Como é feliz e grato o coração
Que envolto nessas rosas te vou dar

José Sepúlveda


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Um Mar de Poemas




Como um corcel, cavalga pela praia
Em ondas de prazer e alegria
Ele, saltita, solta-se, desmaia
E dá-lhe um longo abraço… e a acaricia

E espalha os seus segredos pela areia
Beijando-a… Como brincam à porfia
Em mananciais de afectos! E se enleia
Num rodopio, pleno de magia

Ouvi bramar seu forte pensamento
E vê-de que chegado esse momento,
Com sentimento, entrega com fervor

Um mar de poemas, puro, terno, infindo,
Tão cheio de candura, lindo, lindo,
Em suaves melodias…, doce amor!



José Sepúlveda



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Anseio II

ANSEIO

Eu quero ouvir os sons, essa harmonia
Que um dia com seus versos te cantou,
Eu quero ouvir o tom e a melodia
Cantados quando a vida te entregou!

Ó areais sem fim, que dor sentia
Quando, abraçada a vós, se confessou!
Falai-me, por favor, da nostalgia
Que nesse dia a dor lhe outorgou!

Eu quero acreditar: Toda a tristeza
São laivos de amargor e de incerteza
Que quand a ti trouxer em seu clamor

Tu vais, ó mar, findar essa agonia
E vai raiar por fim um novo dia
Em que ela encontrará seu grande amor!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Poeta, Vem Cantar






Oh vem poeta vem cantar a vida,
Vem ver nascer o sol em cada dia,
Vem, enche tua alma de alegria
Com açucenas mil, sempre florida

E quando no afã da tua dor
A noite sem luar surge à porfia,
Já canta o rouxinol, a cotovia
Trinados para ti, canções de amor

Poemas que se esventram das entranhas,
Qual brisa que sussurra das montanhas
Soprando p’las savanas tão serenas

E fico a ouvir a doce melodia
Que inspira e nos dá alma noite e dia
E enche a nossa vida de poemas



José Sepúlveda




quinta-feira, 28 de julho de 2011

Vida

Foto de Kiro Menezes




A vida
é larva atrevida
perdida, incontida
Tão cheia de graça

Momento a momento
Regista no tempo
O tempo que passa

Como a bola de sabão
rebenta na mão
Para nossa desgraça

Blammm!!!


José Sepúlveda

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ternura

Foto de Kiro Menezes

De manhã, ao despertar,
De quando em quando,
Abro os olhos com desmando
Para ver teus lindos olhos
Me olhando, me olhando…

E se cedo, muito cedo,
Qualquer sonho me desperta,
Eu corro com afã,
De mente aberta,
Buscando o teu sorriso,
O teu calor,
Que me seduz,
Buscando com fervor
A tua luz,
Que só traduz amor.

O teu sorriso aberto,
Semi-encoberto
Entre os lençóis,
Vai, desperto, penetrando
Lento, lentamente,
No meu pensamento,
Na minha mente.

E quando dou por mim,
Caio perdido,
Entrelaçado
Na ternura
Dos teus braços…
Que loucura, amor!

E o meu corpo, a mente, a voz,
Já não estão sós,
Que alegria,
Que afinal
Eu e tu somos nós,
Ana Maria!

José Sepúlveda 
(Intimidades)



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sexta-feira, 22 de julho de 2011

ISABEL







Olhando nos teus olhos nesse dia
Em que naquele bar te conheci,
Eu vi mananciais de poesia
E entre os teus poemas me perdi.

Quanta saudade, quanta nostalgia
E quanta solidão neles senti,
Quanta tristeza vã, quanta apatia
E quanto sofrimento eu vi ali.

Depois, juntamos todos nossas mãos.
E com um grande empenho, gestos sãos,
Quisemos-te mostrar nossa alegria

E vimos-te prestar esta homenagem
Querendo realçar tua coragem
De abrir teu coração em poesia.

José Sepúlveda


quinta-feira, 21 de julho de 2011

De manhã



Despertei de manhãzinha
Ao cantar dum passarinho
E foi p’ra ti, rosa minha,
Foto de Kiro Menezes
Todo o amor e carinho

Ao ver os prados, os montes,
Essas belezas sem fim,
Meus olhos são duas fontes
Porque estás longe de mim

Fecho os olhos, de repente,
Tento no céu encontrar
Esse sorriso silente
Que cintila em teu olhar

Vem para mim, vem depressa
E rejeita o despudor
De tudo o que se atravessa
Afrontando o nosso amor!


José Sepúlveda



Anseio

Foto de Kiro Menezes


Deixa-me olhar o teu sorriso lindo
E penetrar bem fundo em tua mente
Sentir seu doce brilho se esvaindo
Na luz do meu olhar, suavemente

Deixa teus lábios doces aturdindo
Meus pensamentos loucos de indulgente,
Galgar estrada fora, descobrindo
Caminhos que nos levam para a frente

Deixa-me amar –te, amor, que sinto agora
Que este sentimento que devora
É força que renova em nós vigor

Não deixes dissecar o sonho infindo
Que é neste sonhos a dois que, repartindo,
Nós vamos construindo o nosso amor!


José Sepúlveda


segunda-feira, 18 de julho de 2011

Natureza

Foto de Kiro Menezes










A minha amiga surda, a natureza,
Falou-me esta manhã em poesia,
Falou-me de alegria, de tristeza,
Falou-me de ternura e simpatia.

No azul, no verde-rubro, singeleza,
Nos campos e nas flores, no céu, dizia:
- Quem foi o Pai de tão rara beleza?
- Foi Deus-Amor, Deus-Paz, Deus-Alegria!

Virado ao céu, contemplo o azul sem fim
Com misticismo tal que sinto em mim
Como o sair do vale mais profundo.

E sonho, e quero ver o mar brilhante
Que vive no meu ser em cada instante,
Levando-me consigo a todo o mundo.



José Sepúlveda


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Minha Menina

Menina
Dos meus encantos
Ouve os meus prantos
Vamos cantar

Atenta
No mar sereno,
Ouve o aceno
Do nosso mar

Menina
Dos meus desejos
Toma meus beijos
P’ra te alegrar

Não lances
A vida fora
Porque ela chora
Ao ver-te chorar


José Sepúlveda

quarta-feira, 13 de julho de 2011

CARTA A UM AMIGO


Estou aqui, Senhor, indiferente,
Vivendo na mais pura apostasia,
Fujo de ti, de mim, de toda a gente
Encarcerado nesta nostalgia.

Desejo caminhar e de repente
Eu não consigo. Triste esta apatia
Que nos impele a percorrer na mente
Caminhos que nos mentem cada dia. 

Meu Deus, vem-me ajudar, quero sentir
De novo essa alegria, esse prazer
Que nos faz renascer, nos dá fulgor.

Eu quero olhar para Ti, ver-Te sorrir,
E descobrir que em cada alvorecer
Renasce em mim a chama desse Amor!


ACORDEM





Acordem!
Gritos de revolta 
Nos anais da nossa consciência…

Os jornais do dia,
Cheios de lacunas não propícias,
Enchem colunas e colunas de notícias
E como os de ontem, 
Como os de sempre,
Falam em sangue, sangue fervente,
Com títulos faustosos,
Manhosos,
Enganosos:

Matou, depois matou-se;
Estrada ensanguentada;
A mão esfacelou-se;
Família assassinada.

À mesa do café
Fala-se em desporto,
Discutem-se notícias do jornal
E neste mundo torto
O homem busca absorto
Uma alucinante 
Fraternidade universal!

Agredido o árbitro num jogo de futebol;
O bem e o mal;
Todo o homem é meu irmão;
Queriam um banco ao sol,
Passaram no hospital,
Foram dormir à prisão.

Acordem!

É necessário 
Que as palavras se cruzem nos jornais
Para que se espantem 
Todos os vampiros da terra!

É necessário
Ganhar a batalha do repouso
E começar a pensar
Cruel ou calmamente
Para que a todo o instante
O estandarte da vitória
Se eleve resoluto
Nas arenas do triunfo e da glória
Desta guerra por que luto!

É necessário
Lavar os pés a um mendigo de olhar triste,
Ancião de pouca idade,
Que não venha pedir por caridade
Esmola para matar a fome de ventura
Que a vida dura lhe trouxe
Num impávido crepúsculo
Dum dia de névoa!

É necessário alertar estóicos,
Desprezar os párias e paranóicos,
Desmesurados arcaicos
Que contagiam a nossa energia
Com os rumores absurdos
Da sua indiferença e melancolia!

É necessários convidarmos os outros
A deixar-nos concentrar
A nossa energia
Para dela desabrochar
Uma nova euforia
Neste jardim florido
Plantado à beira-mar!

É necessário
Que os homens despertem
Desse sono infantil
Para que os sonhos
Não sejam refúgios de um medo vil
Mas que seus olhares risonhos
Não se tornem medonhos,
Não sejam somente
Perfis primaveris
Dum novo mundo furibundo
E não descrente!

Acordem!
Acordem que há poemas de escarlate
Em todo o mundo,
Há tristezas de pasmar 
Em toda a gente
E pode perecer,
Num gesto imundo,
Num só segundo,
Tanto e tanto inocente!

José Sepúlveda

Albatroz


Contava a lenda que naquela praia

Havia um albatroz que esvoaçava…
E ao ver perto do mar, numa catraia,
O amor que lhe sorria, ele cantava.

E o albatroz, feliz, já não se ensaia
E voa nessa praia à desvairada
Horas sem fim e quase que desmaia
Sempre adulando a sua doce amada.

 Pobre albatroz, é triste o desencanto.
E, ao vê-lo assim, o povo, com espanto,
Olhava-o a voar, enfraquecido.

Porque algum um dia um cavaleiro errante
Roubou-lhe a sua amada… e, vacilante,
E o albatroz partiu, triste, ferido…



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terça-feira, 12 de julho de 2011

Filhos de Ninguém





'História duma criança pobre
Que vive com a mãe
E teve por pai um prisioneiro
E por padrinho um carcereiro
Que lhe chamou Liberdade'

Filhos da terra e de ninguém,
Abandonados por quem
Os ama, os quer, os tem…

Tu, filho da terra.
Tu, gerado
Das lavas de um vulcão ébrio,
Ficaste abandonado
Sem nome, sem fado!

Tédio!
Tédio para os homens sem remédio!

E foi o padre, deixai-me pasmar,
O padre da aldeia que a foi baptizar

Filhos da terra e de ninguém,
Prisioneiros revoltos
Dos cárceres soltos do além…
Tu, carcereiro odiado,
Tu, filho de ninguém,
Foste o padrinho
Do rebento abandonado
Que vive com a mãe!

A alma tua
E a tua desventura
São a esperança de felicidade
Para essa criança
Que vai sentir piedade
De gente malvada…
E tu, filho do nada,
Filho da ternura,
Apenas lhe chamaste
Liberdade!

Ó prisioneiro do além.
Que busca essa verdade
Nas celas e nas lutas,
Prisioneiro por caridade
Que foge das garras de tigres famintos
Das savanas corruptas!

O filho és tu,
Seu ser a liberdade
E tu, pai, o teu prisioneiro!

“… e o preso viu fugir-lhe a Liberdade
Nos braços da mulher do carcereiro!”

José Sepúlveda 
(Arca de Quimeras)



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Mimetismo


O seu cabelo era loiro 
Como o cabelo de oiro 
Dum milheiral em flor 


O seu rosto era rosado 
Dum rosa que aposto 
Era o da rosa mais formosa, 
A mais linda do prado 


A sua boca era rubra 
Dum rubro tão doce 
Como o da papoila mais rubra 
De onde quer que fosse 


E não há quem descubra 
De onde era ela 
E não há quem nos diga 
Que a rapariga 
Não fosse bela... 


Mas quando um dia se casou, 
Tudo mudou! 


O loiro cabelo 
Outrora brilhante 
Tornava-se escuro, 
Impuro, aberrante! 


O rosto, 
A face bela, 
Tão cheia de gosto, 
Ficava amarela! 


A boca tão rara 
E tão cheia de amor 
Ficava clara 
Sem cor, 
Sem calor 
E toda a alegria, 
A força e energia, 
Da moça fugia 
Ao vir o amor! 


Tristeza! 
Onde está sua beleza? 


Foi quando casou 
Que a bela mulher 
Voltou a nascer 
Velha, velha! 


Caprichos da natureza!


José Sepúlveda 
(Arca de Quimeras)
 

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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Primavera

Poema ao Mar

Sinto à distância
A fragância do mar
Ondas, gemidos,
Perdidos no ar
Jovens, poetas,
Vilões a sonhar
Lá no mar,
Lá no mar,
Lá no mar

Dois namorados
Carinhos, dulçor,
Trocam recados,
Promessas de amor
Voam gaivotas,
Trinados sem fim,
A cantar,
A cantar
Para mim