terça-feira, 12 de julho de 2011

Mimetismo


O seu cabelo era loiro 
Como o cabelo de oiro 
Dum milheiral em flor 


O seu rosto era rosado 
Dum rosa que aposto 
Era o da rosa mais formosa, 
A mais linda do prado 


A sua boca era rubra 
Dum rubro tão doce 
Como o da papoila mais rubra 
De onde quer que fosse 


E não há quem descubra 
De onde era ela 
E não há quem nos diga 
Que a rapariga 
Não fosse bela... 


Mas quando um dia se casou, 
Tudo mudou! 


O loiro cabelo 
Outrora brilhante 
Tornava-se escuro, 
Impuro, aberrante! 


O rosto, 
A face bela, 
Tão cheia de gosto, 
Ficava amarela! 


A boca tão rara 
E tão cheia de amor 
Ficava clara 
Sem cor, 
Sem calor 
E toda a alegria, 
A força e energia, 
Da moça fugia 
Ao vir o amor! 


Tristeza! 
Onde está sua beleza? 


Foi quando casou 
Que a bela mulher 
Voltou a nascer 
Velha, velha! 


Caprichos da natureza!


José Sepúlveda 
(Arca de Quimeras)
 

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